Capítulo 7

Demoro quase uma hora para me acalmar. E mais uma hora para criar coragem e ligar o notebook de Meg outra vez. Ben tinha razão: eu não sabia exatamente do que estava falando. A maneira como ele disse isso sugeria que Meg havia feito algo para merecer que ele fosse tão escroto. Eu conheço Meg. E conheço caras como Ben. Já vi muitos deles sacanearem Tricia ao longo dos anos.
Torno a abrir a caixa de entrada de Meg e acesso a sua pasta de itens enviados, mas tudo o que vejo são mensagens antigas, de novembro: o lado dela do flerte, falando sobre quais músicos compuseram as melhores canções, quem era o melhor baterista, qual banda era mais superestimada ou subestimada. E então, antes do período das festas de fim de ano, a parada brusca. Não é preciso ser um gênio para entender o que aconteceu: eles transaram. E ele descartou Meg.
Mas esse hiato nas mensagens de Meg não faz sentido. Sei que não trocamos muitas durante o inverno, mas tenho certeza que ela me escreveu pelo menos algumas. Acesso meu e-mail para conferir se não estou imaginando coisas. Embora janeiro esteja praticamente vazio, na minha caixa de entrada tenho mensagens de Meg de fevereiro que não aparecem na pasta de itens enviados dela.
Muito estranho. Será que o computador dela pegou algum vírus que apagou várias semanas de mensagens? Ou ela as salvou em outro lugar? Começo a vasculhar os outros programas de Meg, sem saber direito o que estou procurando. Abro o calendário, mas está vazio. Confiro a lixeira, achando que os arquivos deletados podem estar lá. Tem um monte de coisa ali, mas a maior parte é inútil. Vejo uma pasta sem nome, mas o computador diz que ela não pode ser aberta na lixeira. Arrasto a pasta para a área de trabalho e tento de novo. Desta vez, recebo uma mensagem de que o arquivo está protegido. Fico com medo de ele ter algum vírus que possa destruir o computador dela, então arrasto a pasta de volta para a lixeira.
São nove e meia da noite e não comi nada outra vez. Estou com sede, mas não quero voltar a descer. Tiro a roupa e me deito na cama assombrada de Meg. Agora, os lençóis que ainda cheiram a ela são mais ou menos o que preciso. Sei que, ao dormir aqui, vou misturar meu cheiro ao dela, enfraquecendo o cheiro de Meg, mas, de certa forma, isso não importa. Era assim que costumava ser antes, afinal.

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