20

beça. Ben está agachado na beirada do futon.
— Ela estava tentando me contar. Sobre essa merda desse grupo suicida. Ela estava tentando me contar.
— Você não tinha como saber.
— Ela estava tentando me contar — repete Ben. — Em todos esses e-mails. Ela estava tentando me contar. E eu falei para ela me deixar em paz.
Ben dá um murro na parede. O reboco racha. Ele dá outro murro e os nós dos dedos começam a sangrar.
— Ben! Pare com isso! — Eu salto até o lado da cama em que ele está e seguro o seu punho antes de ele socar a parede uma terceira vez. — Pare! Não é culpa sua. Não é culpa sua. Não é culpa sua.
Repito as palavras que desejava que alguém tivesse dito para mim, e de repente estamos nos beijando. Sinto o gosto da agonia e da carência dele, das lágrimas dele e das minhas lágrimas.
— Cody — sussurra ele. E é a ternura em sua voz que me faz voltar à realidade com um sobressalto.
Eu pulo da cama. Cubro os lábios com a mão. Enfio a blusa dentro da calça.
— Preciso ir embora.
— Cody.
— Preciso ir para casa agora. Tenho que trabalhar amanhã cedo.
— Cody — implora Ben.
Mas já estou fora do quarto, batendo a porta antes de ele ter a chance de dizer meu nome mais uma vez.

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